Alberto Fujimori se filia a partido no Peru e aliados avaliam candidatura em 2026

Aos 85 anos e depois de mais de uma década na prisão, o ex-presidente do Peru Alberto Fujimori anunciou sua filiação ao partido político Força Popular, liderado por sua filha, Keiko. Seis meses depois de recuperar a liberdade por decisão do Tribunal Constitucional, Fujimori foi solicitado pelas autoridades do seu novo partido a lançar uma candidatura à Presidência ou ao Senado em 2026.

Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão em 2009 por homicídio qualificado nos casos envolvendo os assassinatos de Barrios Altos e La Cantuta, ocorridos enquanto ele era presidente, em 1991.

Num contexto de repressão liderada pelo então presidente contra grupos civis de oposição, as mortes foram consideradas execuções e crimes contra a humanidade —o que dificultou a saída de Fujimori da prisão, apesar da idade avançada e dos problemas de saúde.

O ex-presidente anunciou sua filiação ao partido na quarta-feira, com uma publicação na rede social X (antigo Twitter), na qual aparece ao lado da filha. A volta ao ambiente político provocou reações. O subsecretário-geral nacional da Força Popular e porta-voz do partido, o ex-deputado Miguel Torres, disse ao jornal peruano El Comercio que uma candidatura Fujimori em 2026 “seria extraordinária”.

“Se será candidato ou não é uma questão que ele e a sua família devem avaliar. Para nós, claro, isso seria extraordinário. Seria extraordinário para ele reintegrar-se plenamente na actividade política, mas neste momento não estamos a definir ou lançar uma candidatura”, disse Torres.

O porta-voz também destacou à publicação peruana que Fujimori luta contra o câncer de língua e que a recuperação da saúde estaria antes de qualquer plano político. No entanto, destacou que a adesão era um sinal de que o “Fujimorismo” estaria “mais unido do que nunca”, reforçando que o partido “sempre teve Alberto Fujimori como expressão do que deveria ser um presidente da República”.

Cientistas políticos peruanos apontam que a adesão de Fujimori é uma parte fundamental da estratégia política da Fuerza Popular, independentemente de confirmar ou não a sua própria candidatura. Sem líderes capazes de vencer as eleições, a ideia seria aproveitar o capital político do ex-presidente entre alguns setores do país para ganhar impulso.

“[A filiação de Fujimori] É uma carta importante, seja candidato ou não, poder aumentar o número de votos para a Força Popular e consolidar um fujimorismo que até muito recentemente teve altos e baixos devido a uma série de divisões” disse o analista político Enrique Castillo, em uma entrevista com El Comercio “Dá uma injeção de unidade e otimismo ao fujimorismo”.