Além de todos os problemas técnicos e do atraso de mais de uma hora, o primeiro show do Palco Mundo deste sábado (21) no Rock in Rio ainda foi marcado pelo desconforto de grande parte do público na Cidade do Rock e em TV com os brinquedos de armas exibidos pelos artistas.
Pelo menos dois dos cantores da apresentação Para Sempre Trap, MC Cabelinho e MC Veigh, carregavam armas de plástico que usam bolas de gel como munição. A dupla também postou uma foto com os objetos em seu Instagram, acompanhada da legenda “bala vai comer no palco”.
Esse tipo de brinquedo já foi vendido em camelôs do Rio e de São Paulo. Há 10 dias, a polícia de São Paulo prendeu 18 pessoas depois que um homem foi atingido no olho por uma bala de gel no bairro Jardim São Luis.
O tema da violência é comum na cultura trap, cujos artistas geralmente são formados na periferia e vivenciam o crime no dia a dia. Alguns consideram a abordagem crítica; outros como um pedido direto de desculpas pelo crime. Não é incomum que músicas trap mencionem armas. Cabelinho, por exemplo, tem uma música chamada “Gotham” que diz “Estou carregando uma pistola / Na minha carga tem uma pistola / Cabelin te apavora / Como o Coringa na cidade de Gotham”.
No Rock in Rio, o show foi visto por um público de até 100 mil pessoas esperado no sábado na Cidade do Rock e milhares que assistiram ao vivo pela televisão. Além de Cabelinho e Veigh, também participaram Matuê, Filipe Ret, Kayblack, Orochi e Ryan SP.
Na plateia, como costuma acontecer com polêmicas desse tipo, as opiniões se dividiram:
— Achei super desnecessário. Acaba sendo uma apologia às armas. Eles estão dando um show para os jovens em formação. É um perigo naturalizar esse tipo de coisa — disse a psicóloga Maria Cristina Oliveira, 49 anos.
— Isso não me incomodou. Não pensei que estivesse fazendo uma alusão à violência. Fiquei muito mais incomodado com os problemas técnicos (no início do show) e eles não continuarem cumprindo sua função de MC, de entreter o público. Se eles são pagos para entreter, não estavam fazendo seu trabalho. A arma era entretenimento, estava na cara que era feita de água. Não creio que tenha sido uma incitação à violência — disse a pedagoga Geise Freitas, 40 anos.
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— Acho que influencia. Eu nem conhecia a letra e fiquei assustado quando a ouvi. Eu escutei e disse “meu Deus!” Eu nem sabia que meus filhos sabiam cantar essas músicas. Onde eles os ouvem que eu não consigo ver? Foi um choque” — disse Franciellen Oliveira, técnica de enfermagem de 30 anos, que veio com 2 filhos e 1 enteado.
— É normal ver esse tipo de pedido de desculpas em shows de trap. Não vejo problema porque conheço os cantores e sei que eles são assim em outros shows. Entendo que por fora, dependendo da conotação da música, pode ser algo ruim, até porque tinha muita criança no show. Isso pode ser um ponto negativo — disse Ana Carolina Pereira, assistente de vendas, 21 anos.
— Isso pode ser um problema, principalmente em um grande evento como o Rock in Rio. Isso é comum em armadilhas. As pistolas de gel são muito populares, não acho que seja um problema, mas não dá para dar desculpas — disse Enzo Bridi, assistente de vendas de 20 anos.
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