Inadimplência da VBX Transportes, terceirizada da Suzano no Projeto Cerrado, já ultrapassa R$ 1 milhão no Mato Grosso do Sul; pousada é a mais nova vítima
Outra empresa entrou na Justiça contra a VBX Transportes, sócia da Suzano SA. na construção do Projeto Cerrado, que promoveu uma inadimplência massiva no município de Ribas do Rio Pardo, a 98 quilômetros de Campo Grande.
Desta vez foi a Pousada LME Ltda., localizada no centro de Ribas do Rio Pardo, que não teve outra alternativa senão entrar na Justiça contra a parceira da Suzano na construção da maior planta de processamento de celulose do mundo, que está prevista para entrar em vigor operação nos próximos dias.
No mês passado, o Correio Estadual antecipou a inadimplência em massa da terceirizada da Suzano, ao revelar que três empresários que alugaram máquinas para a VBX cobraram R$ 752 mil da VBX, empresa sediada no interior de Minas Gerais, que abriu uma filial no Mato Grosso do Sul para aproveitar incentivos fiscais e atuar como parceira direta da Suzano na construção da fábrica de Ribas do Rio Pardo, destino de investimentos de R$ 22 bilhões.
Com essa nova ação movida pela pousada, o valor cobrado da VBX judicialmente pelas empresas que sofreram inadimplência chega a R$ 1,083 milhão. Na Justiça de Minas Gerais, o Correio do Estado constatou que houve inadimplência no valor de R$ 1,5 milhão, o que também foi ajuizado.
O novo padrão
Segundo a pousada LME, restaram R$ 353.616,00 não pagos pela VBX pelos serviços de hotelaria prestados aos funcionários da empresa.
O contrato entre a pousada e a sócia Suzano foi assinado em julho de 2023, no valor anual de R$ 993,6 mil, sendo a parcela mensal ajustada entre as partes de R$ 82,8 mil.
As parcelas eram pagas normalmente pela VBX Transportes até outubro, mas em novembro descumpriu o contrato ao afastar seus funcionários da pousada sem qualquer aviso prévio, deixando de pagar as faturas dos serviços já prestados.
Uma nota no valor de R$ 81.800 emitida em 7 de novembro de 2023, e outras duas emitidas em 14 de novembro de 2023, nos valores de R$ 21.100 e R$ 28, não foram pagas pela empresa mineira. 8 mil.
A pousada ainda exige judicialmente o pagamento de multa de 20% do valor do contrato (R$ 165.240,00), uma vez que o vínculo foi rescindido sem qualquer aviso prévio.
Também é cobrada outra multa de 5% do valor do contrato, combinada com multa de 1% ao mês por descumprimento (mais R$ 59.616,00).
Outros padrões
Nos processos envolvendo locadoras de máquinas, em pelo menos um deles, a Suzano SA aparece como ré, e inclusive foi citada neste mês.
O empresário paulista Sérgio Claudemir Papa cobra da VBX e (em conjunto) da Suzano R$ 452,4 mil pelo aluguel não remunerado de uma carregadeira.
A inadimplência aplicada pela VBX, segundo o empresário da máquina utilizada no projeto Suzano, refere-se aos meses de outubro a dezembro de 2023, e janeiro e fevereiro de 2024.
A LOB Terraplanagem e Locações é outra empresa que processa VBX. Cobra R$ 120,1 mil pela inadimplência aplicada pela sócia da Suzano no Projeto Cerrado, e outros R$ 20 mil por danos morais. A LOB alugou nove caminhões para a VBX, que foram disponibilizados para a VBX em Ribas do Rio Pardo.
A Locatruck Locações e Transportes Ltda é outra vítima da inadimplência aplicada pela VBX: alugou dois caminhões-pipa e um caminhão basculante para a sócia da Suzano. A dívida cobrada judicialmente é de R$ 132,2 mil.
Dívidas cobradas da VBX:
- Locatruck: R$ 132,2 mil
- LOB Terraplanagem: R$ 120,1 mil
- Pousada LME Ltda.: R$ 357,6 mil
- Locadora de máquinas (processo em andamento em MG): R$ 1,5 milhão
Dívidas cobradas da VBX e Suzano:
- Sérgio Claudemir Papa: R$ 452,4 mil
Outro lado
Ó Correio Estadual ligou para os números VBX que aparecem em autos e também listados na internet, mas ninguém atendeu as ligações. A Suzano, por sua vez, afirma que o caso da VBX Transportes “é uma situação isolada, dadas as centenas de fornecedores da empresa que fazem negócios no município”.
“Esta empresa prestava serviços na área de manutenção rodoviária e, durante os últimos meses do contrato, a Suzano constatou que, mesmo com o pagamento em dia no contrato deste fornecedor, a VBX não estava honrando suas obrigações trabalhistas e outras obrigações de mercado, nós tomou conhecimento deste último fato via telefone pela ouvidoria da empresa”, informou Suzano.
A Suzano afirmou ainda que honrou as dívidas trabalhistas da VBX, por ser a prestadora do serviço e por ter responsabilidades previstas em lei nesse sentido.
“É importante esclarecer que, diferentemente de controlar o pagamento dos funcionários de nossos fornecedores, em outros casos, a Suzano não tem obrigação legal e não pode controlar, acompanhar negociações comerciais ou conceder créditos a tais empresas prestadoras de serviços, bem como monitorar , participar de negociações comerciais ou ser responsável por pagamentos”, acrescentou a multinacional.
Maior do mundo
Com investimentos superiores a R$ 22 bilhões, o Projeto Cerrado será a maior fábrica de celulose do mundo quando entrar em operação, entre o final de junho e o início do próximo mês.
Com a entrada em operação desta terceira unidade da Suzano em Mato Grosso do Sul, que terá capacidade para processar quase 3 milhões de toneladas de celulose por ano, Mato Grosso do Sul deverá se consolidar como uma das maiores regiões produtoras de celulose do mundo .
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