Em reunião interministerial nesta quarta-feira, dia 19, o governo recebeu o setor arrozeiro para discutir o leilão público de compra de cereais importados e beneficiados e debater o cenário atual do abastecimento nacional.
O encontro, que aconteceu na sede do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, contou com a presença do titular do ministério, Paulo Teixeira, do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). , Edegar Preto.
Aos representantes do setor, o governo manteve a posição de importar o cereal em leilão público, mas sinalizou que aguardará nova reunião com os produtores para lançar o edital do novo evento e que poderá considerar as sugestões do setor para a construção da regulamentação do edital, informaram fontes à Broadcast Agro.
A próxima reunião entre o governo e os produtores de arroz está marcada para depois do lançamento do Plano de Safra 2024/25, provavelmente na quinta-feira, dia 27. Portanto, até lá, o novo edital não deverá ser publicado. O setor produtivo disse aos ministros que mantivessem a oposição ao leilão, mas não recebeu qualquer indicação de anulação ou cancelamento da iniciativa.
O encontro contou com a presença da Federação das Associações dos Produtores de Arroz do Rio Grande do Sul (Federarroz) e representantes da Câmara Setorial do Arroz e do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). “O diálogo foi muito positivo. Entendemos o lado deles e eles entendem o nosso”, disse uma fonte governamental.
Segundo interlocutores, o edital está sendo analisado pela Advocacia-Geral da União (AGU) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). “A possibilidade de a Conab participar previamente da qualificação das empresas e saber se elas têm capacidade são mecanismos que poderiam ser incluídos no novo edital”, disse fonte que acompanha as negociações.
Em nota, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que o setor tende a apresentar propostas para estimular a produção de arroz no país. “Foram discutidas medidas para estimular a produção de arroz no Brasil e garantir alimentos de qualidade e preço justo ao consumidor final. Está em fase final a revisão das regras para elaboração de novo edital de compra de arroz pela Conab”, afirmou Fávaro . A Conab está autorizada a comprar até 1 milhão de toneladas de arroz beneficiado e importado para conter o aumento dos preços dos cereais.
O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, disse que o governo “abriu possibilidade de diálogo e busca de uma solução conjunta”. “O governo ainda fica com os mecanismos que tem em mãos, porém é importante que o governo também entenda os riscos para o setor produtivo e tenha aberto a possibilidade de diálogo nos próximos dias para buscar soluções para tentar construir algo que não representa um risco tão grande ao setor produtivo, como os leilões”, explicou Velho.
“Todas as possibilidades serão estudadas junto aos produtores, às cooperativas, à indústria e até ao setor de consumo”, afirmou, em relação aos mecanismos que serão estudados. “O setor produtivo espera encontrar outra solução (além do leilão). O que o governo fez foi abrir esse diálogo e concordar em conversar nos próximos dias”, acrescentou Velho.
Segundo o representante dos produtores de arroz, o sector produtivo vai fazer um estudo aprofundado para apresentar opções ao governo. Velho afirmou que foi garantido pelo Executivo que outro edital de leilão não seria publicado antes da próxima reunião com o setor.
“Aproveitamos esse tempo para tentar encontrar outros caminhos que abranjam a todos. Ainda não havia acontecido uma conversa mais aprofundada, presencialmente, com todos os atores, com a presença de dois ministros e com o presidente da Conab. satisfeito que o governo abriu a porta para poder conversar”, avaliou.
Velho afirmou ainda que os representantes do governo “deixaram claro” que não querem prejudicar o setor produtivo e que há interesse em ampliar a área plantada. “É isso que traz segurança para que não falte alimentos na mesa do consumidor e, por outro lado, afirmamos também que temos que ter pelo menos o custo de produção coberto”, relatou.
“A questão da oferta foi superada. A preocupação do governo é que os preços ao consumidor não aumentem tanto, mas esclarecemos que a formação de preços é internacional e o arroz a R$ 7 ou R$ 8 o quilo representa 1% do mercado. US$ 5 a R$ 6 o quilo no varejo.”
Porém, o setor diverge dos dados do Executivo em relação ao consumo interno de arroz neste ano, previsto pela Conab em 11 milhões de toneladas. Para os produtores de arroz, a procura nacional manter-se-á nos 10,5 milhões de toneladas, tal como tem acontecido nos últimos cinco anos. Mesmo com a sinalização do governo para manter a compra pública do cereal, Velho diz que o setor espera que o leilão seja cancelado.
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