Confrontados com a crescente pressão para a reforma no esquema de pensão dos militares Forças Armadaso ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, criará uma comissão informal para fazer um diagnóstico dos gastos do governo com a reserva.
O grupo será formado por membros da Aeronáutica, Marinha e Exército e tem como objetivo fornecer subsídios para que o ministro se posicione sobre o tema. Ele já indicou que é contra a mudança de benefícios.
Segundo interlocutores do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou que não pretende alterar o sistema previdenciário neste momento e já deu o recado ao Ministério do Planejamento, que estuda uma série de cortes de gastos como forma de equilibrar as contas públicas.
A avaliação de governistas é que o presidente passa por uma “boa fase” no relacionamento com as Forças Armadas depois que militares começaram a ser investigados por suspeita de participação em supostas tramas golpistas.
Nos últimos meses, porém, militares têm reclamado de dificuldades orçamentárias na execução de projetos estratégicos. Além disso, altos funcionários já levantaram a necessidade de reajuste salarial de 2025 para Lula.
O argumento é que já se passaram quatro anos desde a reforma e nesse período a inflação corroeu parte dos ganhos.
O aumento das despesas com o sistema previdenciário militar das Forças Armadas foi destacado no relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) ao analisar os resultados das contas públicas do governo federal referentes a 2023.
Segundo o TCU, nos últimos dez anos, os gastos com o sistema ultrapassaram os 80% e o gasto por militar da reserva e pensionista é de R$ 158,8 mil por ano, acima do regime de aposentadoria dos servidores e demais trabalhadores (INSS).
A reforma da Previdência, em vigor desde 2019 e que afetou todos os trabalhadores, acabou preservando os militares porque tiveram ajustes de carreira, o que resultou em aumento salarial. Do lado do controlo de despesas, foi criada uma contribuição para pensionistas.
Pensão vitalícia das filhas
A comissão criada pelo ministro deverá tratar da pensão vitalícia das filhas de militares, questão emblemática dada a situação orçamental do país.
O benefício deixou de existir em 2001, mas quem já estava na carreira pode optar pela manutenção do benefício, pagando 1,5% do salário. Portanto, a despesa poderá durar vários anos.
No entanto, segundo um membro do alto escalão, acabar definitivamente com as pensões das filhas não resolverá o problema do país e quem optasse por mantê-las teria de ter o dinheiro devolvido.
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