O Projeto de Lei (PL) 624/2023, que cria o Programa de Renda Básica Energética (Rebe), prevê a instalação de painéis solares nas residências de famílias de baixa renda, em substituição à já existente Tarifa Social de Energia Elétrica. A mudança, caso o projeto seja aprovado, poderá atingir 212.055 beneficiários em Mato Grosso do Sul.
A proposta, que já foi aprovada na Câmara dos Deputados, foi debatida na semana passada em reunião conjunta das Comissões de Assuntos Sociais (CAS) e Comissões de Infraestrutura (CI), comissões responsáveis pela votação. O PL tramita no Senado e deve retornar à Câmara em caso de alterações, e ser sancionado pelo presidente da República para virar lei.
Colocando em dúvida o propósito da proposta, representantes do setor energético do Estado e analistas econômicos consultados pelo Correio do Estado apontam para um risco de aumento na conta de luz dos demais consumidores de energia no médio e longo prazo.
A presidente do Conselho de Consumidores da Área de Concessão da Energisa de Mato Grosso do Sul (Concen-MS), Rosimeire Costa, defende discussão mais ampla e ajustes no PL, para evitar novas cobranças na tarifa do consumidor.
“Chegaremos a 17,2 milhões de unidades consumidoras (UC) com o programa. Hoje, somos 89 milhões de UC. Um cálculo rápido e temos um superávit de 72 milhões de UC. Precisamos equilibrar interesses e lembrar que esses 72 milhões apoiam o sistema, mas o benefício não chega a eles”, pediu Rosimeire durante audiência pública das comissões do Senado.
O economista Eduardo Matos destaca que na sua visão a energia solar está em evidência, porém, não resolverá o problema da geração de energia, devido à sua intermitência. “Ou seja, só é possível gerar energia (com tecnologia convencional) durante o dia, isso gera uma sobrecarga no sistema de distribuição no período de maior incidência de luz solar, mas zero geração à noite”, destaca.
Outra questão destacada pelo economista é a depreciação, uma vez que os equipamentos têm vida útil e exigem limpeza e manutenção frequentes, levantando a dúvida se as famílias beneficiadas procederão com os cuidados corretos, já que esses cuidados exigem desembolso financeiro.
Rosimeire destaca ainda que é fundamental atender os vulneráveis, aqueles que chegam a um quarto do salário mínimo, que são insuficientes. Porém, existe um grupo que está no mercado de trabalho, que são motoristas de Uber, que trabalham como Microempreendedores Individuais (MEI), e que não conseguem pagar suas contas de luz devido a essas pressões. Temos que olhar também para essas pessoas, pois são elas que mantêm a Comissão de Desenvolvimento Econômico (CDE) com a Tarifa Social e outros subsídios”.
Matos destaca que existem outras alternativas para solucionar esse problema, como a construção de parques de geração de energia solar e a concessão desses parques a empresas privadas. “A energia será gerada e alimentada diretamente na rede de distribuição, enquanto serão gerados créditos que serão descontados nas contas de energia destas famílias beneficiárias da tarifa social”, explica.
O mestre em economia Lucas Mikael detalha que há alguns pontos críticos no novo modelo que merecem atenção. “Existem custos significativos envolvidos na implementação e manutenção desses sistemas. O financiamento adequado e sustentável para cobrir estes custos a longo prazo é essencial para garantir a viabilidade do programa.”
Responsável pela distribuição de energia elétrica para a maioria dos municípios de Mato Grosso do Sul, a Energisa MS preferiu não comentar.
IMPACTOS
Por outro lado, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) é favorável ao projeto e diz que é preciso levar em conta os benefícios sistêmicos da ampliação do acesso à energia solar, o que poderia trazer uma redução de 6% nas contas de todos até 2031, ou seja, em oito anos.
Estima-se que seriam necessários R$ 56 bilhões em recursos para substituir a Tarifa Social pelo Rebe.
Outro ponto é que a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) já sofre pressão de subsídios à GD, e como o crédito para baixa renda será feito por meio da GD, esse custo, que será repassado aos demais consumidores de energia elétrica, tende a crescer ainda mais . mais.
Em 2024, o custo dos subsídios ao GD foi de R$ 7,14 bilhões na CDE. Este ano, até maio, os subsídios ao GD já haviam atingido R$ 3,37 bilhões.
A soma de todos os subsídios foi de R$ 40,3 bilhões em 2023. Isso significa que se não fossem os subsídios, a conta de luz poderia ficar 13,21% mais barata.
De acordo com o PL que tramita no Senado, o Rebe será instituído com o objetivo de garantir o acesso à energia elétrica às famílias em situação de vulnerabilidade social na faixa de consumo de até 220 kWh (quilowatt-hora) mensais, em substituição ao benefício da Seguridade Social Tarifária de Energia Elétrica (TSEE) e também desenvolver a produção e a tecnologia nacionais.
De acordo com o artigo 2º do PL que tramita no Senado, “o programa será operacionalizado com a instalação de usinas de microgeração e minigeração distribuída de energia elétrica renovável, preferencialmente energia solar fotovoltaica, especialmente em áreas rurais, flutuando em lâminas d’água de reservatórios hidrelétricos e no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida.
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