Moeda americana fecha em maior valor nominal desde janeiro de 2022; Mau humor nos EUA também impulsiona a moeda
O dólar registrou alta de 1,16% e fechou nesta quarta-feira (26) a R$ 5,518, seu maior valor nominal desde 18 de janeiro de 2022, em sessão de avanço generalizado da moeda americana frente a outras moedas no exterior. O movimento foi acelerado pelos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a situação fiscal do Brasil.
Esta manhã, Lula questionou a necessidade de cortar gastos para melhorar o equilíbrio fiscal do governo. O presidente afirmou que será preciso analisar se a questão pode ser resolvida com aumento de arrecadação.
“O problema não é ter que cortar. O problema é saber se realmente é preciso cortar ou se é preciso aumentar a receita”, disse o presidente em entrevista ao UOL.
Lula acrescentou ainda que seu governo está fazendo uma análise para saber se há “gastos excessivos”, mas que isso está sendo feito “sem levar em conta o nervosismo do mercado”.
O desempenho do real também acompanha a movimentação no exterior. No final da tarde, a moeda norte-americana avançou face a um cabaz de moedas fortes, especialmente face ao iene, que atingiu o seu nível mais baixo desde 1986. As moedas dos países emergentes também registaram quedas face ao dólar.
Como pano de fundo, os rendimentos das obrigações do Tesouro dos EUA a dez anos aumentaram acentuadamente, ainda sob o efeito dos comentários mais duros de um director da Fed sobre o futuro da política de taxas de juro dos EUA. . Há também cautela do mercado antes da divulgação dos novos dados de inflação do país, marcada para sexta-feira (28).
Os aumentos nos rendimentos das obrigações dos EUA beneficiam o dólar, pois aumentam a atractividade do rendimento fixo americano, direccionando recursos para o mercado dos EUA e penalizando os países emergentes e os activos de rendimento variável.
A situação também pressionou a Bolsa brasileira durante boa parte do dia, mas o Ibovespa subiu e garantiu sessão positiva no pregão, fechando com alta de 0,30%, aos 122.701 pontos, segundo dados preliminares.
No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) desacelerou para 0,39% em junho, após marcar 0,44% em maio, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (26). ) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado deste mês ficou abaixo da mediana das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam nova variação de 0,44% em junho.
Em 12 meses, porém, o IPCA-15 ganhou força e acumulou inflação de 4,06%, segundo o IBGE. Nesse corte, a taxa ficou em 3,70% até maio.
César Garritano, economista-chefe da Somma Investimentos, avalia que a dinâmica inflacionária no curto prazo é benigna, mas que ainda há alertas para os próximos meses, especialmente pela recente desancoragem das expectativas inflacionárias e pela forte desvalorização do real observada. nas últimas semanas.
Ele afirma, porém, que ainda há espaço para melhorias nas expectativas. No cenário local, a continuidade de contas externas favoráveis e uma política monetária restritiva podem ajudar a obter níveis mais baixos de inflação. No exterior, um possível corte nas taxas de juros nos EUA também poderia ser benéfico.
“Esse cenário mais benigno só poderá se tornar palpável se o governo colocar em prática medidas que possam, pelo menos, conter a enorme onda de pessimismo que se instalou nos mercados. O anúncio de um bom nome para liderar o BC e atitudes que apontam na direção o respeito ao quadro fiscal parecem ser condições essenciais para as próximas semanas e meses”, afirma Garritano.
*Informações da Agência Brasil
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