No continente europeu desde quinta-feira (13), onde participou como convidado da Cúpula do G7, que reúne os países mais ricos do mundo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou o Projeto de Lei 1.904/24, que propõe tornar o aborto o homicídio praticado após 22 semanas de gestação, em qualquer situação, inclusive em caso de estupro.
“Eu, Luiz Inácio, sou contra o aborto. Mas, como o aborto é uma realidade, precisamos de o tratar como uma questão de saúde pública. Acho que é uma loucura alguém querer punir uma mulher com uma pena maior do que a do criminoso que cometeu a violação”, declarou em conferência de imprensa concedida a jornalistas na Apúlia, Itália.
O presidente afirmou que não acompanhou ativamente o debate do projeto no Brasil, mas que terá conhecimento dele assim que retornar neste sábado (15). “Tenho a certeza que o que está previsto na lei já garante que atuemos de forma civilizada para tratar o violador com rigor e tratar a vítima com respeito”, reforçou.
O tema também foi abordado pelos líderes das maiores economias da Itália. À frente da presidência do G7, a primeira-ministra Giorgia Meloni liderou uma mudança na declaração final de 2024, que retirou uma seção presente no documento do ano anterior, que tratava do acesso e cuidados para o aborto legal seguro.
Isenção
Na entrevista coletiva, Lula também comentou o impasse em relação à desoneração da folha de pagamento em 17 setores, que vêm pressionando o governo a desvincular gastos com saúde e educação, para manter a proposta. O presidente afirmou que o setor deve encontrar uma solução para que as contas fechem no prazo estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que não prevaleça a liminar concedida pelo ministro Cristiano Zanin, que bloqueou a medida.
“Não vamos fazer ajustes para os pobres, porque quem critica o déficit fiscal, quem critica os gastos do governo, são as mesmas pessoas que foram ao Senado aprovar a isenção para 17 grupos empresariais e que ficaram para fazer um compensação para fornecer o dinheiro da desoneração fiscal e não quiseram”, afirmou.
O presidente afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem avançado na política econômica brasileira. “Já regulamentámos o quadro fiscal, já aprovámos a reforma fiscal, estamos a demonstrar a nossa seriedade em garantir a estabilidade jurídica, a estabilidade política, a estabilidade fiscal, a estabilidade económica e a estabilidade social, isso está garantido.”
Lula disse que o ministro jamais será enfraquecido. Segundo o presidente, serão feitos quaisquer cortes que Haddad julgar necessários. “Vamos chegar à sexta economia do mundo. Chegamos em 2011, depois caímos para 12º e já voltei para o oitavo lugar. Até o final do meu mandato voltaremos à sexta-feira”, afirmou.
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