A falta de comando regional do PL, partido do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro, continua causando estragos no Mato Grosso do Sul, onde já teve três presidentes estaduais, sendo um navio à deriva nas águas agitadas da política .
Se antes os principais problemas do partido no estado eram lançar ou não candidatura a prefeito de Campo Grande e fechar ou não aliança com o PSDB em nível estadual, agora, a nova complicação é a distribuição da Campanha Especial Fundo de Financiamento (FEFC), já que a sigla tem a maior fatia do bolo, R$ 886.839.487,85. Ou seja, 17,87% do total de R$ 4.961.519.777,00.
A falta de critérios para divisão dos recursos do fundo eleitoral está gerando uma crise entre os candidatos a vereador pelo PL em Campo Grande, maior do que o valor que o partido tem direito da FEFC em nível nacional.
Para complicar, o descontentamento não é exclusivo dos candidatos da Capital, pois o problema é o mesmo no interior.
Tudo começou na primeira semana deste mês, quando a candidata a vereadora Ana Portela, filha do presidente estadual do PL, a primeira vice-senadora Tenente Portela, recebeu nada menos que R$ 300 mil em recursos para a campanha eleitoral , enquanto os demais candidatos recebiam modestos R$ 30 mil ou permaneciam em zero.
O que irritou os demais apoiadores de Bolsonaro é que os candidatos com maior densidade eleitoral ainda tinham contas zeradas, enquanto a filha do presidente do estado, que tinha poucas chances de vitória, recebeu R$ 300 mil.
Para complicar ainda mais, nomes considerados muito fortes, como Tio Trutis, André Salineiro e Rafael Tavares, não recebiam recursos até o início da semana passada, o que mudou, pelo menos, para Tio Trutis, que também recebeu R$ 300 mil , e para André Salineiro, com R$ 170 mil.
Rafael Tavares ainda continua vendo navios, enquanto Carlinhos da Farmácia recebeu R$ 120 mil e Bruno Ortiz recebeu outros R$ 100 mil, sem contar a professora tenente Ana Paula, que recebeu R$ 80 mil, e Gabriel Batista, Anda Abdo, Julia Ruiz, Mariana Azevedo, Missionária Josi e Susi Kids, que tiveram direito a R$ 50 mil cada.
Além disso, Alan Tatuapu, Davi Ribeiro, Joni Guimarães, professor Thiago Nunes e Vivi Tobias também receberam R$ 40 mil cada, enquanto Cassy Monteiro, Ed do PL, Isaac Pancini, Jayme Macarrão, Luiz Curci e Pastor Ludio Marcondes receberam R$ 30 mil. Os demais candidatos a vereador são zero.
Entre os 17 candidatos a prefeito do interior do partido de Bolsonaro, apenas cinco receberam recursos da FEFC: Robson Rezende (Paranaíba), com R$ 1,5 milhão; Pompilio Júnior (Ponta Porã), com R$ 500 mil; Dr. Max (Guia Lopes da Laguna), com R$ 300 mil; Odair Pereira (Jateí), com R$ 20 mil; e Mané Nunes (Alcinópolis), com R$ 3,5 mil.
Os outros 12 candidatos a prefeito ainda não receberam R$ 1,00 do fundo eleitoral, sendo eles: Adriano Brum (Antônio João), Professora Lurdes (Caarapó), Lino Keffler (Coronel Sapucaia), André Campos (Corumbá), Juliana Lara (Iguatemi), Dr. Luiz Audízio (Jaraguari), Luciano França (Maracaju), Rodrigo Sacundo (Naviraí), Delegado Murilo (Pedro Gomes), Fábio Netto (Porto Murtinho), Rodrigo Basso (Sidrolândia) e Careca da Recuperadora (Sonora).
Candidatos a vereadores pelo PL em Campo Grande criticaram a falta de critérios exatos na divisão do dinheiro da FEFC.
No início deste mês, o presidente estadual do partido, tenente Portela, teria dito que seriam distribuídos R$ 30 mil para cada um dos concorrentes, algo que desmoronou quando sua filha colocou as mãos em uma bolada de R$ 300 mil.
Questionaram quem seria o pensador para analisar o potencial de cada candidato com alta ou baixa chance de vitória e, portanto, ter direito a mais recursos do fundo eleitoral.
Muitos ficaram decepcionados com o ex-presidente Bolsonaro, que disse, antes do início da disputa, que o projeto do PL seria diferente do da oposição, mas, no final das contas, é igual ou até pior que os demais partidos.
Essa falta de dinheiro da maioria dos candidatos do PL acaba afetando sua campanha eleitoral nas ruas, pois não terão recursos para honrar compromissos com gráficas, feirantes e mídia.
Além disso, após Bolsonaro concluir aliança com o PSDB no MS, muitas candidaturas do PL foram canceladas e algumas tiveram que recorrer à Justiça Eleitoral para continuar na disputa.
O Correio Estadual Ele tentou falar com o presidente estadual do PL, tenente Portela, para comentar a situação, mas até o fechamento desta reportagem não teve sucesso. No entanto, o espaço permanece aberto.
R$ 1,5 milhão
Esse é o valor que o candidato do PL a prefeito de Paranaíba, Robson Rezende, recebeu do fundo eleitoral da campanha
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