Em delação premiada aos procuradores do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) sobre a suposta estrutura criminosa que seria comandada pelo vereador licenciado Claudinho Serra (PSDB) em À prefeitura de Sidrolândia, o ex-funcionário municipal de Sidrolândia, Tiago Basso da Silva, apontou o envolvimento da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) com o esquema. Em um de seus depoimentos aos procuradores Adriano Lobo Viana de Resende e Bianka Machado Arruda Mendes, do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), Tiago Basso disse que, quando foi preso com Ueverton da Silva Macedo, o “Frescura ”, e Roberto Valenzuela na Penitenciária de Trânsito de Campo Grande, em julho de 2023, perceberam que o PCC estaria envolvido na estrutura criminosa. “Nós três ficamos na gíria do local onde ficam os presos recém-chegados, na sexta, no sábado, no domingo e, na segunda, fomos transferidos para a mesma cela, a cela 8 do presídio. Então, estávamos juntos na mesma cela e todo mundo na hora ficou surpreso lá, porque geralmente as pessoas não saem do corro por menos de 10 dias”, disse ele, citando que tinham presos no corro há mais de 14 dias e eles ficaram apenas três dias. Na cela 8, o ex-servidor disse que falou muito sobre a “Operação Trumper” e “Frescura” disse para ele ficar calmo, que partiriam em no máximo 15 dias. “Mas, quando vi que não era isso mesmo, que a coisa era muito mais grave do que me contaram, perguntei a Frescura sobre a possibilidade de eu fazer, de nós fazermos, um acordo de delação premiada. Ele ficou chateado e naquele dia não quis mais falar comigo”, revelou. Tiago Basso explicou que “Frescura” só falou com ele dois dias depois. “No domingo, ele me ligou para conversar. Aí andamos pelo tribunal, só nós dois conversando, ele disse: ei, vou ser muito sincero com você, se você tomar a decisão de fazer um acordo judicial, pode ter certeza que antes que minha mãe chore , a mãe que vai ser o seu choro”, relembrou a ameaça feita. O ex-funcionário pediu para falar com seu advogado e este o aconselhou a tentar ficar longe de “Frescura”, conversando o mínimo possível até sair da prisão. “Porque dava para ver a ligação que ele tinha com os presos de lá, o contato que ele tinha com os presos, todo mundo o conhecia lá. Todos tinham um vínculo de amizade ou favor que lhe deviam para ir para lá. E o presídio onde ficamos era uma unidade faccional do PCC, o PCC comanda essa unidade lá. Então dava para perceber que ele tinha muito contato com aquelas pessoas de lá e isso me deixou atônito na hora e eu falei para o meu advogado que não queria mais conversar, não queria mais nada, que só queria ficar no meu canto”, afirmou. Tiago Basso revelou ainda que, ao descobrirem que ele pensava em fazer um acordo de delação premiada, o seu advogado foi abordado por um advogado chamado Douglas Matos. “Ele foi para a prisão e me disseram para falar com ele, e Frescura foi comigo. Ele não me chamou só para conversar, ele chamou o Frescura junto, então nós dois entramos juntos na sala para conversar”, lembrou. Ainda segundo o denunciante, Frescura teria sido muito direto com o advogado. “Ele falou diretamente com o advogado: só quero saber se você veio conversar sobre delação premiada. O advogado disse que não, nem pense em negociação de pena. Frescura disse que eu deveria ficar tranquilo, pois meu pagamento seria deles. Falei até que a minha família lá fora, enquanto eu estivesse preso, eles iriam cuidar”, destacou. R$ 100 mil – Esse era o valor movimentado por mês O esquema de corrupção na prefeitura de Sidrolândia controlado pelo vereador licenciado Claudinho Serra (PSDB) faturava esse valor por mês mais despesas pessoais dos envolvidos que eram quitadas com faturas frias pagas pela prefeitura Excetivo. O dinheiro veio de contratos firmados com o município, segundo depoimento do ex-funcionário Tiago Basso e descoberto pela “Operação Tromper”, deflagrada pelo Gecoc e Gaeco.
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