Num momento em que o governo enfrenta dificuldades de articulação política, petistas que tiveram destaque em gestões passadas do partido e saíram de cena após condenações no Mensalão e na Lava-Jato voltaram a trabalhar nos bastidores. Sem ocupar cargos, o ex-ministro José Dirceu, o ex-prefeito João Paulo Cunha e os tesoureiros do PT Delúbio Soares e João Vaccari Neto têm retornado, aos poucos, aos círculos de poder de Brasília, com graus variados de exposição.
Do quarteto, quem mais chama a atenção em suas movimentações é Dirceu, que, após a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) extinguir em maio uma condenação sua por corrupção passiva na Lava-Jato, passou a considerar o possibilidade de concorrer a deputado federal em 2026. Em abril, voltou pela primeira vez ao Congresso, em cerimônia sobre democracia, dezenove anos após ter seu mandato cassado.
Embora ainda não tenha decidido se disputará novamente as eleições, o ex-chefe todo-poderoso da Casa Civil do primeiro governo Lula está retomando contatos e tem sido presença constante em eventos em Brasília, onde mantém gabinete.
Em março, Dirceu realizou uma concorrida festa de aniversário para comemorar seus 78 anos. Na ocasião, reuniu ministros, como Fernando Haddad (Finança), o vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Os principais candidatos ao posto de Lira também foram: os dirigentes da União Brasil, Elmar Nascimento, PSD, Antonio Brito (BA), MDB, Isnaldo Bulhões (AL), e o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP). . A comemoração foi na casa do advogado Marcos Meira, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Lago Sul, região nobre de Brasília.
Na quarta-feira, Dirceu foi ao aniversário do filho, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), em um restaurante em Brasília. A comemoração contou com a presença de Alckmin e dos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), José Múcio Monteiro (Defesa) e Juscelino Filho (Comunicações). No dia seguinte, compareceu ao casamento de dois integrantes das Prerrogativas, grupo de advogados simpatizantes de Lula.
Apesar de não frequentar o Planalto e de não ter conversas diretas com o presidente, o ex-ministro da Casa Civil mantém contato regular com dois ministros palacianos: Padilha e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral). No dia 10 de junho, o ex-ministro participou de uma reunião de ex-presidentes do PT em que Lula fez uma rápida aparição virtual.
Dirceu costuma compartilhar análises políticas em suas conversas. Para recuperar a elegibilidade, ele precisa anular outra condenação da Lava-Jato, que tem recurso para análise no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Procurado, o ex-chefe da Casa Civil não quis comentar sobre sua atuação política neste momento. Sobre sua candidatura, o petista afirma que tomará a decisão no ano que vem, após conversar com Lula e a direção petista.
Com planos diferentes dos de Dirceu, João Paulo Cunha tem sido mais discreto e busca ficar longe dos holofotes. Apesar de também conversar frequentemente com membros do governo, o ex-presidente da Câmara tem como foco o escritório de advocacia que mantém em sociedade com Ophir Cavalcante, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Enquanto cumpria pena por corrupção passiva e peculato no mensalão, Cunha concluiu o curso de Direito.
No ano passado, ele começou a trabalhar na Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. O ex-presidente da Câmara disse que não pretende se candidatar novamente e que não comentaria os contratos que tem como advogado.
— Minhas atividades são privadas, não públicas. Estou trabalhando”, disse ela.
João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, também mantém atuação discreta nos bastidores. Recentemente, segundo integrantes do governo, Vaccari foi um dos organizadores da mudança no comando do Conselho Nacional do Sesi, com a saída de Vagner Freitas e a entrada de Fausto Augusto Júnior. Segundo o colunista Lauro Jardim, do GLOBO, todas as nomeações importantes para a Petrobras já passaram por sua revisão.
Em janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, anulou a pena de 24 anos de prisão imposta ao ex-tesoureiro do PT por receber propina de empresa que tinha contrato com a Petrobras. Fachin determinou que o caso fosse analisado na Justiça Eleitoral do Distrito Federal, porque Vaccari era acusado de arrecadar recursos para o partido.
Segundo seu advogado, Ricardo Velloso, o ex-tesoureiro ainda tem duas condenações aguardando recursos no Tribunal Regional Federal da 4ª Região e no STJ. Vaccari ainda tem processos pendentes na Justiça Eleitoral. Sua defesa entende que todos estão prescritos. Procurado, Vaccari não quis se manifestar.
Outro ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, dedica-se a reuniões no interior do Brasil. No início de junho, ele participou de uma reunião na cidade de Teófilo Otoni, em Minas, com funcionários dos Correios filiados ao PT. No mesmo mês, esteve na cidade de Paulista, em Pernambuco.
Nessas reuniões são distribuídas edições de uma revista sobre os processos que o ex-tesoureiro enfrentou no Mensalão e na Lava-Jato. A publicação intitula-se “Delúbio Soares, o arguido sem crime”. Procurado para comentar sua atuação política, o ex-tesoureiro do PT também não quis comentar.
Veja também
PRESIDENTE DO BRASIL
Lula viaja para São Paulo e tem agenda de conversas com FHC e Chomsky
Cláudio Humberto
Emendas viram ‘ameaça’ à CPI do Arrozão; confira a coluna desta segunda-feira (24)
emprestimos pessoal em curitiba
quem tem bpc pode fazer empréstimo
bancos inss
antecipar decimo terceiro itau
cartao itau inss
emprestimo pessoal 5 mil
empréstimo consignado melhores taxas