A Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT) divulgou, nesta terça-feira, 25, uma carta de retratação à diretoria do partido após o grupo ter um desentendimento com o erário petista sobre o orçamento eleitoral. Na mensagem, a Secretária Nacional da Juventude do Partido dos Trabalhadores, Nádia Garcia, afirma que o JPT confia inteiramente nos dirigentes internos do partido e o protesto realizado na tarde da última segunda-feira, dia 24, foi desproporcional.
A diretoria nacional do PT apresentou uma proposta de orçamento eleitoral às alas internas do partido, que representam movimentos específicos do partido. No plano, o orçamento destinado a essas secretarias seria reduzido de 3% para 1% – o que desagradou o JPT, que escreveu uma carta à diretoria da sigla reclamando das dificuldades da transição geracional interna.
A redução do financiamento foi vista como uma tentativa de interditar a sucessão interna do partido no longo prazo e, no curto prazo, inviabilizar candidatos representantes dos movimentos LGBTIA+, sindical, cultural, juvenil e de reforma agrária.
A nota de protesto, porém, foi mal recebida pela tesoureira do PT, Gleide Andrade, que considerou a mensagem “arrogante” e “desrespeitosa”.
“A mensagem enviada com as repetidas ações da Direção Nacional tem o objetivo expresso de sufocar e impedir a transição geracional interna, de impedir que surjam parlamentares negros, LGBT, ambientalistas, rurais e periféricos, indígenas e quilombolas”, dizia a mensagem, publicada no grupo de WhatsApp da Executiva Nacional do PT na última segunda-feira, 14, segundo a Folha de S. Paulo.
Em resposta, Gleide exigiu desculpas pela estratégia do JPT que, em suas palavras, adota uma “política rasteira, nojenta e suja”. Para o tesoureiro, as críticas foram descabidas, pois nenhuma das secretarias internas apresentou contraproposta orçamentária – e se limitou a criticar a ideia existente.
Após pressão interna para uma retratação pública, Nádia escreveu uma nova carta, que o Estadão teve acesso, no qual disse que “a Juventude PT confia inteiramente na capacidade de formulação, proposição e transição geracional do Partido dos Trabalhadores, o que reflete o número de jovens petistas eleitos nos últimos anos para os poderes Legislativo e Executivo de todo o país”.
No pedido de desculpas, Nádia negou que o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) ou o Executivo petista tenham definido a distribuição definitiva dos recursos do Fundo Eleitoral deste ano. No total, o PT deverá receber cerca de R$ 604 milhões dos R$ 4,96 bilhões sancionados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nádia admitiu ainda que o tema só será discutido pela Direcção Nacional do partido. Na nota, ela afirma confiar no GTE e disse esperar que seu grupo esteja representado na distribuição dos recursos.
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