O Senado e a Câmara recorreram nesta quinta-feira, 8, ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo ao ministro Flávio Dino que reconsidere as decisões que restringiram a distribuição das Emendas Pix. As Casas também querem que Dino deixe a função de relator do processo que trata do fim do orçamento secreto, que foi declarado inconstitucional pela Corte em 2022.
Na semana passada, Dino se reuniu com representantes do governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e com os advogados das Casas. Após a reunião, o ministro determinou que as emendas sejam distribuídas com “total transparência”, sendo divulgados os nomes dos parlamentares responsáveis pelas indicações e demais medidas.
Segundo o Congresso, a imposição de requisitos adicionais para aplicação de recursos de transferência vai contra o objetivo de “agilidade e flexibilidade” das Emendas Pix. Além disso, as Câmaras argumentam que as liminares de Dino poderiam ameaçar a “eficácia e prontidão das respostas às necessidades de saúde pública”.
Revelado por Estadãoo modelo de pagamento conhecido como Emenda Pix é um recurso indicado por deputados e senadores de estados e municípios e pago pelo governo sem transparência.
O dinheiro cai nos cofres estaduais e municipais sem finalidade definida e antes de qualquer projeto, licitação ou obra, diferentemente de outros tipos de repasses.
O vácuo na transparência dificulta a supervisão. Com o mecanismo é possível saber qual parlamentar indicou e qual município recebeu, mas não o que foi feito com os recursos.
Na sabatina da semana passada, Dino determinou que deputados e senadores não podem enviar emendas para estados diferentes. A exceção, segundo o ministro, é o apoio a “projetos nacionais cuja implementação ultrapassa os limites territoriais do Estado do parlamentar”.
As Câmaras argumentam que a decisão reforça o caráter “eleitoral” das emendas.
“Não há como extrair da Constituição Federal a obrigação de que a atuação dos parlamentares, por meio da destinação ou indicação de emendas ao orçamento público, atenda apenas aos interesses de seus estados de origem. o que se pretende coibir a concessão da medida cautelar, que é justamente o suposto caráter “paroquial” ou “eleitoral” da destinação dos recursos orçamentários”, afirmou o Congresso.
As Casas também defendem que os processos que analisam o fim do orçamento secreto e a inconstitucionalidade da Emenda Pix sejam redistribuídos aos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
Os dois ministros são relatores de temas que também tratam de emendas.
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