O Congresso Nacional enviou recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a suspensão das chamadas emendas do Pix, afirmando que a medida confere “autonomia desmedida” ao Executivo no controle do Orçamento.
A suspensão das emendas do Pix foi mantida nesta quinta-feira (8) pelo ministro Flávio Dino, do STF, horas antes do recurso feito em conjunto pela Câmara e Senado. A medida foi solicitada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, para quem este tipo de alteração parlamentar não cumpre requisitos mínimos de transparência.
A representação legal do Congresso escreveu que a Constituição garante a divisão entre os Poderes na gestão do Orçamento. “A intenção de subverter esta divisão constitucional, delegando ao Executivo uma autonomia excessiva sem a devida regulamentação legislativa, implica um ataque às determinações constitucionais que estruturam o Estado Democrático de Direito”, diz o apelo.
O Congresso também argumentou que a interrupção do repasse de recursos poderia trazer graves consequências ao interesse público, interrompendo programas e execução de obras, por exemplo, e causando “enorme insegurança jurídica”.
Transferência especial de recursos
As alterações do Pix permitem o repasse especial de recursos da União para estados e municípios por meio de indicação parlamentar individual, mas sem a necessidade de apresentação de projetos, indicação dos programas contemplados ou celebração de convênios, ou seja, sem clareza sobre qual será a real destinação. de recursos públicos.
Esse tipo de emenda ao Orçamento ganhou força depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu, em 2022, o que ficou conhecido como “Orçamento Secreto” – a destinação de recursos dos cofres públicos por meio de emendas do relator do Orçamento, que camuflavam a verdadeira padrinhos das transferências.
Segundo a associação Contas Abertas, deputados e senadores destinaram R$ 6,7 bilhões em “emendas Pix” em 2023.
No recurso, advogados do Congresso defenderam esse tipo de emenda, argumentando que, ao impor condições para esse tipo de emenda, o ministro “distorce” a própria natureza das transferências especiais, que estão previstas na Constituição e que têm como objetivo dar flexibilidade e autonomia aos estados e municípios na utilização dos recursos públicos.
O Congresso Nacional reconheceu a necessidade de proporcionar maior rastreabilidade ao dinheiro público, mas argumentou que cabe ao Legislativo, e não ao Judiciário, estabelecer tais critérios para o Orçamento do próximo ano.
Critérios
Na decisão desta quinta-feira (8), o ministro Flávio Dino manteve critérios que já havia determinado em uma primeira decisão do dia 1º de agosto. Ele ordenou que as transferências só possam ser realizadas se forem atendidos determinados critérios de rastreabilidade e transparência.
No caso de recursos destinados à área de Saúde, por exemplo, os valores só poderão ser executados após parecer favorável das autoridades competentes do Sistema Único de Saúde (SUS), determinou o ministro. Ele só autorizou a realização de alterações em casos de obras em andamento e calamidades públicas.
Em outra decisão do dia 8, Flávio Dino determinou que o Congresso enviasse informações e documentos sobre as emendas da comissão (RP8), que também estão infladas desde que o Supremo proibiu o Orçamento secreto por meio das emendas do relator, em 2022.
O apelo do Congresso afirma ainda que a suspensão das alterações do Pix poderá comprometer “a saúde, setor que muitas vezes exige respostas rápidas e flexíveis para atender às demandas emergentes da população, pode acabar sendo negligenciado pelas complicações adicionais impostas pela nova exigência para planejamento e aprovação”.
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