Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – A moeda fechou esta segunda-feira com leve alta em relação ao real, em sessão marcada pela disputa de fim de mês e de trimestre sobre a formação e o avanço da moeda norte-americana no exterior.
O dólar à vista fechou em alta de 0,24%, cotado a 5,4491 reais. A moeda acumulou queda de 3,32% em setembro e queda de 2,53% no terceiro trimestre do ano.
Às 17h26, a cotação de novembro – que nesta segunda se tornou a mais líquida do mercado brasileiro – subia 0,16%, para 5,4660 reais.
No início da sessão, o dólar oscilou em baixa frente ao real, com as moedas dos países exportadores de commodities mais uma vez sendo favorecidas pelo anúncio de mais estímulos econômicos na China.
O banco central da China disse no domingo que instruirá os bancos a reduzirem as taxas hipotecárias dos empréstimos imobiliários existentes antes de 31 de outubro, como parte de medidas abrangentes para apoiar o mercado imobiliário do país.
Além disso, três grandes cidades – Guangzhou e Xangai – levantaram restrições importantes à compra de casas.
Nesse cenário, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de 5,4060 reais (-0,56%) na venda às 9h15.
No entanto, o dólar começou a se fortalecer logo depois, com os investidores comprados na moeda norte-americana empurrando os preços para cima com foco na Ptax.
Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado spot, a Ptax serve de referência para liquidação de contratos futuros. Ao final de cada mês, os agentes financeiros costumam tentar direcioná-lo para níveis mais convenientes para suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta dos preços) ou vendidas em dólar (no sentido de queda).
Nesta segunda-feira a disputa ficou ainda mais importante porque a Ptax também foi a que encerrou o trimestre, servindo de referência para balanços de empresas com atuação internacional.
“Tivemos uma abertura em queda em linha com nossos pares. Os dados da China impulsionaram as moedas emergentes, com o avanço da moeda lá, em reação ao estímulo prometido para a economia chinesa”, comentou o diretor da consultoria cambial FB Capital, Fernando Bergallo.
Segundo ele, o mercado também permaneceu cético em relação ao equilíbrio fiscal no Brasil, o que favoreceu a criação de posições defensivas do dólar.
No exterior, a moeda norte-americana também começou a ganhar força face à maioria das outras moedas, com os investidores à espera de um discurso do presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, à tarde.
Às 10h50, o dólar à vista atingiu sua maior cotação, 5,4749 reais (+0,71%).
Definido no início da tarde o Ptax de final de mês (5,4481 reais para venda), o dólar passou a oscilar com mais liberdade no Brasil, sem influências técnicas, o que fez com que os preços desacelerassem.
A partir das 14h55, quando Powell começou a falar, os rendimentos do Tesouro aceleraram seus ganhos, o que também impulsionou as taxas DI (Depósitos Interbancários) no Brasil. O dólar recuperou algum impulso em relação ao real, mas não o suficiente para renovar as máximas do dia.
No seu discurso, Powell disse prever mais dois cortes nas taxas de juro dos EUA este ano, num total de 50 pontos base, “se a economia tiver um desempenho conforme o esperado”, embora a Fed possa fazer cortes mais rápidos, se necessário, ou mais. lento.
Neste cenário, no final da tarde o dólar continuou a subir de forma constante face às moedas fortes do exterior e face à maioria das outras moedas dos mercados emergentes ou exportadores de matérias-primas. Às 17h24, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas – subia 0,31%, para 100,750.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional oferecidos em leilão para rolarem para o vencimento em 1º de novembro de 2024.
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