Por David Shepardson
WASHINGTON (Reuters) – O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos disse que mais de 40 companhias aéreas estrangeiras que operam aviões Boeing 737 podem estar usando aeronaves com componentes de leme que podem representar riscos à segurança, embora não tenha identificado quais empresas poderiam ser afetadas.
Na quinta-feira, o NTSB emitiu recomendações urgentes de segurança sobre a possibilidade de um sistema de controle de leme emperrado em alguns aviões 737 após um incidente em fevereiro envolvendo um voo da United Airlines (NASDAQ :).
O NTSB está investigando um incidente em fevereiro no qual os pedais do leme de um United 737 MAX 8 ficaram “presos” na posição neutra durante um pouso nos EUA. Não houve feridos aos 161 passageiros e tripulantes.
A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (EASA) disse na terça-feira que estava ciente do relatório do NTSB. “A EASA está em contato próximo com a FAA e tomará as medidas necessárias”, disse um porta-voz.
Na segunda-feira, a agência informou que 271 peças afetadas podem ser instaladas em aeronaves em serviço operadas por pelo menos 40 companhias aéreas estrangeiras e 16 ainda podem ser instaladas em aeronaves registadas nos EUA e até 75 podem ter sido utilizadas em instalações de reposição. .
No entanto, o NTSB e a Administração de Aviação dos EUA não identificaram quais transportadoras podem estar utilizando as peças. Várias companhias aéreas estrangeiras não responderam às perguntas da Reuters sobre a sua frota.
A Boeing, que se recusou a comentar o assunto na segunda-feira, disse na semana passada que informou aos operadores dos aviões 737 afetados sobre uma “potencial condição com o atuador de orientação do leme” em agosto, no que é conhecido como Mensagem Multi-Operador.
No entanto, a presidente do NTSB, Jennifer Homendy, disse em uma carta ao administrador da Agência de Aviação dos EUA, Mike Whitaker, que eles estavam preocupados “com a possibilidade de outras companhias aéreas não estarem cientes da presença desses atuadores em seus aviões 737”.
Um porta-voz da All Nippon Airways do Japão, que opera 39 aviões Boeing 737-NG, disse na terça-feira que “por muita cautela, estamos nos estágios preparatórios para remover as peças destacadas pelo NTSB”, acrescentando que isso não teve impacto em suas operações. A empresa está avaliando quantos de seus aviões foram afetados, disse a fonte.
A Japan Airlines, que opera 62 aviões Boeing 737-800, disse que nenhum de seus 737 aviões utiliza as peças afetadas, segundo um porta-voz, e um porta-voz da China Airlines também disse que a empresa não foi afetada.
Um porta-voz da Ryanair (NASDAQ), um dos maiores clientes da Boeing, também disse que não houve impacto do problema dos componentes.
Procuradas no Brasil, Gol (BVMF:) e Boeing não puderam comentar o assunto imediatamente.
O NTSB também divulgou na segunda-feira que soube que dois operadores estrangeiros sofreram incidentes semelhantes em 2019 envolvendo atuadores de orientação de rolamento.
O problema é o mais recente revés para a Boeing, que enfrentou uma série de preocupações de segurança depois que um novo 737 MAX 9, operado pela Alaska Airlines (NYSE), perdeu uma porta desativada durante o voo no início deste ano.
Homendy, que conversou com Whitaker sobre o assunto na semana passada, disse estar preocupada com o fato de a FAA “não ter levado esse problema mais a sério até emitirmos nosso relatório urgente de aconselhamento de segurança”.
A FAA disse que está levando a sério as recomendações do NTSB e está programada para realizar testes adicionais no simulador em outubro.
A United disse na semana passada que as peças de controle do leme em questão estavam em uso em apenas nove de suas aeronaves 737 originalmente montadas para outras companhias aéreas e que todos os componentes foram removidos no início deste ano.
Na segunda-feira, o NTSB criticou a Boeing por não informar a United de que os 737 que recebeu estavam equipados com atuadores “conectados mecanicamente ao sistema de controle do leme” e expressou preocupação pelo fato de outras companhias aéreas não terem conhecimento de sua presença.
“As tripulações de voo podem não saber o que esperar se o atuador de orientação falhar em baixa altitude ou durante o pouso”, disse o NTSB, chamando a falha de “inaceitável”.
(Com reportagem adicional de Gabriel Araujo, em Jacareí)
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