Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – A moeda teve forte queda frente ao real nas negociações desta quinta-feira, aliviando parte da pressão recente após a decisão unânime do Comitê de Política Monetária () do Banco Central, na véspera, de manter a taxa de câmbio a 10,50% ao ano, encerrando um ciclo de sete cortes consecutivos de juros.
Às 9h42, o dólar à vista caía 0,58%, a 5,4094 reais na venda. Na B3 (BVMF), o contrato de primeiro vencimento caía 0,20%, a 5,4110 reais na venda.
Esta manhã, os investidores nacionais começaram a refletir sobre a decisão dos membros do BC, nesta quarta, de manter o atual patamar da taxa básica de juros, já amplamente esperado pelo mercado.
A escolha de encerrar o ciclo de flexibilização monetária surgiu na sequência do que a autoridade classificou como um “cenário global incerto e um cenário interno marcado pela resiliência da atividade, pelo aumento das projeções e expectativas de inflação”.
O foco central da decisão, porém, foi o placar. A unanimidade demonstrada pelas autoridades dissipou os temores de que a divisão da reunião anterior, entre diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os remanescentes do governo de Jair Bolsonaro, pudesse se repetir.
A incerteza sobre o placar ainda foi alimentada durante a semana depois que Lula atacou a atuação de Campos Neto no cargo, dizendo que o chefe do BC trabalha para “prejudicar” o país, e antecipou suas críticas à possibilidade de o Copom manter os juros inalterados.
A percepção é que a união dos dirigentes em torno da manutenção da Selic reforça o compromisso da autoridade monetária com a meta de inflação, que vinha sendo enfatizado por membros do BC em recentes aparições públicas.
“Amanhecemos este pós-Copom com certo alívio no mercado, visto que a decisão veio exatamente em linha com as expectativas”, disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
“A volatilidade trazida pela última decisão foi tratada com cautela e o comunicado forneceu um parecer técnico, indicando que a equipe pretende ser mais cautelosa com a redução dos juros, mesmo diante de críticas do Executivo”, acrescentou.
O alívio do dólar ainda pode ser visto sob a perspectiva de que uma Selic mais alta no Brasil torna o real mais atrativo para uso em estratégias de “carry trade”, nas quais os investidores contraem empréstimos em países com taxas baixas e investem esse dinheiro em mercados mais elevados . rentável, a fim de lucrar com o diferencial de juros.
Assim, a moeda norte-americana devolveu alguns dos ganhos acumulados nas últimas sessões, quando as dúvidas do mercado quanto ao compromisso do governo com o ajustamento fiscal se sobrepuseram ao apetite pelo risco no exterior.
Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4407 reais na venda, leve alta de 0,13%, atingindo a maior cotação de fechamento desde 4 de janeiro de 2023.
O desempenho do dólar no Brasil é contrário ao seu desempenho no exterior. O – que mede o desempenho da moeda dos EUA em relação a uma cesta de seis moedas – subiu 0,26%, para 105,480.
A moeda norte-americana continuava em alta frente às moedas dos países emergentes, com destaque para a alta de 0,83% frente ao .
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