Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – A taxa de câmbio devolveu parte dos ganhos recentes em relação ao real nas negociações desta sexta-feira, em linha com o recuo da moeda norte-americana em outros mercados emergentes, aliviando a pressão após atingir seu maior valor de fechamento em quase dois anos o dia anterior.
Às 9h50, o dólar à vista caía 0,38%, a 5,4413 reais na venda. Na B3 (BVMF), o contrato de primeiro vencimento caía 0,17%, a 5,4485 reais na venda.
“O movimento do dia é de queda nas bolsas do exterior com os PMIs… Destaque para o fechamento das taxas, que parece estar gerando um dia um pouco mais favorável para as moedas emergentes”, disse Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
Nesta manhã, o dólar acumulou perdas em uma série de mercados emergentes, apesar do avanço frente às moedas dos países desenvolvidos, que influenciou a queda da moeda norte-americana no Brasil.
Os destaques foram as quedas do dólar frente ao , de 0,51%, e frente ao , de 0,44%. As duas moedas têm registado uma elevada volatilidade após os recentes resultados eleitorais, o que deixou os investidores incertos sobre a direcção das suas economias.
O movimento foi impulsionado por um maior otimismo do mercado com a possibilidade de cortes nas taxas de juro nas economias desenvolvidas, em resultado dos fracos números dos Índices de Gestores de Compras (PMI) da Zona Euro, evidenciando uma desaceleração nas atividades da indústria e dos serviços.
Às 10h45, os investidores estarão atentos à divulgação do PMI dos Estados Unidos, para avaliar o estado da economia norte-americana.
O número poderá fornecer um novo sinal sobre o futuro da política monetária da Reserva Federal, uma vez que os mercados projectaram um corte nas taxas em Setembro, iniciando um ciclo amplamente esperado de flexibilização monetária.
Como resultado, o dólar recuperou alguns ganhos das sessões recentes em relação ao real. Fatores internos, como a preocupação do mercado com o ajuste das contas públicas e as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao BC, levaram a moeda a atingir na véspera seu maior valor em quase dois anos.
Na quinta-feira, o dólar à vista encerrou o dia a 5,4618 reais na venda, alta de 0,39%, atingindo a maior cotação de fechamento desde 22 de julho de 2022, ainda no governo de Jair Bolsonaro.
Principalmente na última sessão, pesaram as críticas do presidente Lula à condução da política monetária do BC, após o Comitê de Política Monetária ter decidido por unanimidade manter a taxa Selic inalterada em 10,50% ao ano na quarta-feira.
Lula argumentou que a decisão do Copom foi ruim para o povo brasileiro e acusou a autoridade monetária de estar sujeita aos interesses do mercado financeiro e dos especuladores, questionando a autonomia do presidente do BC, Roberto Campos Neto.
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